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Selic sobe para 15%: o que isso significa para a economia brasileira e o seu bolso
20 de junho de 2025 |

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20 de junho de 2025 |
O Comitê de Política Monetária (Copom) surpreendeu parte do mercado ao anunciar, por unanimidade, uma nova alta na taxa Selic. Agora, a taxa básica de juros passou de 14,75% para 15% ao ano.
Essa é a sétima elevação consecutiva da taxa básica de juros, que atinge agora o maior patamar desde julho de 2006. A decisão reacende debates sobre o combate à inflação, os custos do crédito e o impacto dessa política na recuperação econômica do Brasil.
Neste artigo, você entende os motivos por trás da elevação, como isso afeta a economia nacional, por que o Brasil figura entre os países com maiores juros reais do mundo e qual a relação desse cenário com a política monetária dos Estados Unidos.
Apesar da inflação ter mostrado sinais de desaceleração nos últimos meses, as incertezas econômicas, tanto internas quanto externas, pesaram na decisão do Copom.
A autoridade monetária avalia que, mesmo com a pressão sobre o consumo diminuindo, os riscos de novos choques de preços ainda existem, o que justifica a manutenção de uma postura mais conservadora em torno da taxa Selic.
Em comunicado, o Copom afirmou que pretende manter a taxa de 15% ao ano por um período prolongado, mas não descartou novas elevações caso os índices de inflação voltem a subir.
A Selic é a principal ferramenta de política monetária do Banco Central para conter a inflação. Ao elevar os juros, o crédito fica mais caro, o que desestimula o consumo e reduz a pressão sobre os preços.
Por outro lado, esse movimento também desacelera a atividade econômica, impactando negativamente o investimento, o emprego e o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB).
Segundo o próprio Banco Central, a projeção de crescimento da economia brasileira em 2025 foi revisada para 1,9%, enquanto o mercado financeiro espera uma expansão um pouco melhor, na casa dos 2,2%, de acordo com o boletim Focus.
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), indicador oficial da inflação no país, registrou alta de 0,26% em maio, acumulando inflação de 5,32% nos últimos 12 meses.
Esse resultado supera o teto da meta de inflação, que atualmente é de 3% ao ano, com intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou para menos.
Pelas projeções do Banco Central, a inflação pode chegar a 4,9% em 2025, ainda acima do limite máximo permitido. Já o mercado aposta em uma inflação ainda maior, de 5,25%, o que reforça a cautela na condução da política monetária.
Com a nova alta da Selic, o Brasil passou a ocupar a segunda colocação entre os países com os maiores juros reais do planeta, segundo levantamento da plataforma MoneYou.
A taxa real — que considera a diferença entre os juros nominais e a inflação projetada — chega a impressionantes 9,53% ao ano, ficando atrás apenas da Turquia, com 14,44%.
Esse patamar elevado reflete uma política de combate à inflação, mas também levanta preocupações sobre os custos do crédito, a sustentabilidade do consumo interno e a atratividade de investimentos produtivos.
Enquanto o Brasil avança no aperto monetário, o Federal Reserve (Fed), o banco central dos Estados Unidos, manteve os juros do país na faixa entre 4,25% e 4,50% ao ano.
A decisão, que já se repete pela quarta reunião consecutiva, é uma resposta a um cenário econômico considerado incerto, agravado por políticas tarifárias e riscos fiscais internos.
Mesmo assim, o Fed sinalizou a possibilidade de dois cortes nos juros ainda em 2025, o que contrasta com a postura mais rígida adotada pelo Brasil. Essa diferença de trajetória influencia diretamente o câmbio e os fluxos de capitais.
Quando os juros americanos estão altos, o Brasil precisa manter sua taxa atrativa para investidores estrangeiros — o que, muitas vezes, prolonga ciclos de juros elevados por aqui.
Embora o Banco Central sinalize uma pausa no ciclo de alta, o tom do comunicado oficial deixa claro que a autoridade monetária continuará atenta aos movimentos da inflação. Caso os preços não recuem como esperado, novas elevações da Selic não estão descartadas.
Além disso, o comportamento do dólar, a política fiscal do governo federal e as decisões do Federal Reserve devem seguir no radar dos analistas, investidores e tomadores de decisão.
Com a Selic em 15%, produtos de crédito como financiamentos, empréstimos e rotativo do cartão de crédito tendem a ficar mais caros. Isso pode pesar no bolso das famílias e também das empresas, especialmente as que dependem de capital de giro ou parcelamentos.
Por outro lado, quem investe em produtos atrelados à Selic, como Tesouro Selic, certificados de depósito bancário (CDBs) ou fundos DI, pode se beneficiar com retornos mais altos.
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