conteúdo / Mercado
O que é o Copom, qual sua importância para a economia e como ele impacta o câmbio
22 de fevereiro de 2024 |
conteúdo / Mercado
22 de fevereiro de 2024 |
O Comitê de Política Monetária (Copom) é um dos órgãos mais relevantes da economia brasileira. Sua importância está diretamente relacionada à definição da taxa básica de juros, que influencia diretamente os demais juros praticados no país.
Além disso, suas decisões têm impacto sobre o câmbio, o que pode afetar a valorização ou desvalorização da moeda nacional. Por isso, é fundamental entender como suas ações podem afetar a vida financeira e o cenário econômico do país.
Para isso, criamos um conteúdo completo no qual, além de descobrir o que é o Copom, você vai saber mais sobre a formação desse órgão, qual o papel dele na política monetária do Brasil e de que forma ele ajuda a manter a economia o mais estável possível, equilibrando, por exemplo, as taxas de câmbio.
Aproveite a leitura!
Copom é um órgão pertencente ao Banco Central do Brasil (Bacen). Ele tem uma das missões mais importantes para nossa economia: a cada 45 dias, seu presidente e diretores se reúnem para definir a taxa Selic, a taxa básica de juros da nossa economia.
Normalmente, essa reunião acontece em 2 dias e as datas em que será realizada costumam ser divulgadas no ano anterior. Por exemplo, as reuniões do Copom de 2024 foram divulgadas em 2023 e ficaram assim:
Mês
A decisão sobre a taxa Selic leva em conta diversos fatores e estudos que são apresentados durante a reunião, como o comportamento e a liquidez do mercado e quais as perspectivas para a economia não só brasileira, como também mundial.
Após a análise desses fatos, todos os membros votam a favor ou contra determinada estratégia. Essa decisão é tomada com base em um objetivo central: fazer com que a meta de inflação determinada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) seja cumprida.
Para entender um pouco sobre o motivo da criação desse órgão pelo Bacen, é preciso saber o momento histórico no qual nasceu o Copom em 1996.
O Brasil vivia um momento de hiperinflação e uma situação econômica complexa com o fim do Regime Militar. Para se ter ideia, no início de 1994, a inflação batia a marca de 40% por mês, o equivalente a 3000% ao ano.
Para ter dimensão do quanto esses números são altos, basta comparar com números mais atuais. Em 2023, a inflação (que é medida pelo IPCA — Índice de Preços ao Consumidor Amplo) fechou em 4,62% no acumulado do ano e a média mensal era de 0,55%.
Há muitos relatos de pessoas da época falando como os preços mudavam rapidamente: em questão de poucos dias, o preço dos itens já ficava bem maior e, cada vez mais, o cruzeiro, moeda do momento, se desvalorizava frente ao dólar.
Em 1994, o Plano Real começou a funcionar e como outras medidas eram necessárias para ter uma nova moeda mais estável. Dois anos depois o Copom nasceu justamente com a função de conter a inflação por meio da taxa Selic.
As reuniões do Copom são realizadas a cada 45 dias e sempre numa terça e quarta. Porém, existe todo um processo que deve acontecer para que essas reuniões sejam realizadas e possam oferecer os resultados desejáveis.
Na quarta-feira anterior à reunião, ou seja, na semana anterior, o Copom cumpre um silêncio, não comentando ou publicando algo sobre uma possível decisão. Na terça-feira seguinte, a reunião começa e segue até a quarta-feira de manhã.
Na quarta, à tarde, os membros se reúnem novamente para decidir, com base no que foi exposto, qual será o percentual da taxa Selic.
O resultado é divulgado imediatamente na quarta-feira assim que a reunião termina. Já a ata do Copom só é liberada 4 dias úteis depois de finalizada a reunião. Isso se dá cerca de 1 semana depois.
Nas reuniões que ocorrem na terça durante todo o dia e na quarta pela manhã, não só os membros do próprio Copom participam como também chefes de diversos departamentos como o de Assuntos Internacionais, Estudos e Pesquisas, Operações Bancárias e de Sistema de Pagamentos, entre vários outros.
Agora que você já sabe o que é o Copom, fica mais fácil entender sobre a ata, um documento que costuma ser bastante comentado devido à sua importância.
Assim como acontece em outros tipos de reunião, a do Copom possui uma ata e tudo o que acontece nas reuniões é registrado nela. Portanto, se você quiser saber quais foram os relatórios apresentados na última reunião e quais foram os números levados em consideração na hora de decidir a taxa Selic, você pode olhar a ata.
No documento, você também vai encontrar algumas mudanças que precisavam ser realizadas e que podem ir contra projeções anteriores.
Assim, a ata do Copom apresenta diversos detalhes técnicos que podem servir para o seu negócio. É possível usar alguns dados para fazer suas próprias projeções, seja você um empreendedor ou um investidor.
É possível conferir todas as publicações das atas do Copom dos últimos anos diretamente no site do Bacen.
Assim que a taxa Selic é definida pelo Copom, há 5 meios de transmissão pelos quais essa nova taxa é repassada: a decisão de consumo das famílias e dos investimentos das empresas, o preço dos ativos, a taxa de câmbio, oferta de crédito e expectativas. Vamos explicar melhor cada uma delas tendo em mente que a taxa Selic ajuda a regular a inflação.
O mais conhecido meio de transmissão são as decisões de consumo e investimento. Quando a Selic aumenta, o preço do crédito também aumenta (mais juros são pagos pelo empréstimo) e as empresas colocam um pé no freio dos investimentos. Com isso, o preço dos produtos costuma se manter elevado, as famílias compram menos e a inflação começa a cair.
E falando em crédito, ele é o nosso próximo alvo. Como dissemos acima, com a alta da Selic, o custo de pedir um empréstimo aumenta. Assim, as empresas e as famílias deixam de pegar dinheiro a crédito e passam a consumir menos. Consequentemente, a inflação cai.
O preço dos ativos diz respeito aos investidores e acionistas em geral. Quando uma empresa deixa de investir — já que vai limitar o uso do crédito bancário — as ações dela também caem e o preço dos produtos vendidos por ela diminui. Essa é outra coisa que desestimula o consumo.
O quarto meio de transmissão da Selic é a expectativa. Quando a Selic aumenta, significa que há uma tendência de os preços dos produtos baixarem. Assim, uma empresa terá maior cautela em aumentar os preços dos produtos que vende, pois sabe que, provavelmente, não haverá espaço no mercado para a venda dos produtos por um preço maior.
E, finalmente, temos a taxa Selic afetando o câmbio. Quando a Selic aumenta, temos uma valorização do real e o dólar passa a valer menos. Já o contrário, quando a Selic sofre uma queda, temos o dólar mais valorizado. Mas vamos, a seguir, explicar isso com mais detalhes.
Isso pode acontecer de algumas formas. Uma delas ocorre por meio de investimentos de títulos públicos pelos investidores estrangeiros.
Se houver um aumento da Selic, muitos investidores de outros países podem comprar títulos públicos no Brasil (já que o rendimento de muitos deles está atrelado à Selic). Assim, teremos uma quantidade maior de dólares entrando no país, o que leva a uma maior oferta de moeda e, possivelmente, uma taxa de câmbio menor.
Da mesma forma, se temos uma queda na Selic, temos investidores retirando dinheiro do país (dólares) e levando para outros locais onde os investimentos podem render mais. Assim, com uma quantidade menor da moeda americana circulando aqui, temos um aumento da taxa de câmbio.
Outra forma na qual a Selic pode impactar nas taxas de câmbio é por meio das importações e exportações.
Se a Selic aumenta, teremos uma queda nos preços de diversos produtos, inclusive das commodities. Assim, comprá-las do Brasil fica muito mais atrativo para empresas de outros países.
Essa compra, normalmente, é feita em dólares e, portanto, teremos uma significativa entrada dessa moeda no país. Com mais dólares circulando, a taxa de câmbio cai.
Ao contrário, se temos uma queda na Selic, a taxa de câmbio sobe. A queda da Selic estimula a economia e faz com que os preços dos produtos brasileiros aumentem. Dessa forma, o preço das commodities também sobe e a exportação perde força.
Após tudo o que foi lido, fica claro entender que acompanhar as reuniões do Copom e se manter atualizado sobre as decisões é de fundamental importância para todas as empresas, mas especialmente aquelas que trabalham com importação e exportação de produtos.
Ao acompanhar o movimento da taxa Selic ao longo do ano — são 8 reuniões no total — você poderá ter mais informações para tomar melhores decisões para sua empresa.
Por exemplo, é possível ter uma ideia melhor de qual momento investir, sobre quando é melhor aumentar ou reduzir os preços dos seus produtos ou ainda o momento mais favorável para pedir um empréstimo, entre outros.
Dessa forma, além de entender o que é o Copom, você também precisa compreender que as decisões desse órgão, que parece algo tão distante do nosso dia a dia, afetam diretamente o sucesso do seu empreendimento.
Quer aprender mais sobre o assunto? Então, baixe o nosso ebook e saiba Como a inflação e os juros impactam o seu câmbio.